A educação e o paradigma das mídias educativas

By Nair Cinelli

Ouvir, ver, olhar e escutar são formas básicas da aprendizagem. O que se vê e ouve-se tem acentuado influência sobre o nosso comportamento. Como o ensino em sua expressão máxima consiste em estimular e dirigir a aprendizagem, aquilo que os educandos vêem e ouvem constitui o principal fator determinante da capacidade de ver e ouvir influencia o quanto às pessoas aprendem. Embora isto seja verdadeiro para os educandos de todas as idades, parece que é particularmente imperativo com relação aos mais jovem. Assim, observa-se que, para alcançar aprendizagem, é necessário considerar não apenas o material de ensino em si, mas também o seu arranjo e a forma pela qual é utilizado. É surpreendente notar que faz pouco tempo que surgiu os materiais de ensino concebidos e produzidos pelo homem. A imprensa apareceu apenas em meados do século XV. O rádio, para o uso público em geral, foi introduzido na década de 20. A televisão tomou corpo a partir de 1950.

Esses e numerosos outros meios de comunicação permitem ao professor estimular e dirigir a aprendizagem de forma até pouco tempo desconhecida. Torna-se evidente, portanto, que o professor de hoje, seja da escola fundamental ou média, ou de instituições de nível superior, deve familiarizar-se intimamente com os materiais de ensino a fim de conseguir eficiência completa, pois o homem vive num mundo onde diariamente quebram-se velhos paradigmas e criam-se novos. Junto com os novos paradigmas, surgem novas necessidades, especialmente na forma de aprender e ensinar. Novos conhecimentos e tecnologias surgem para entender às necessidades humanas, indiferentemente de qual seja a forma que o ensino assuma. Nesse contexto, surge a necessidade de se fazer algumas reflexões sobre a influência da tecnologia no contexto educacional (ensino fundamental, ensino médio e superior).

Como ponto de partida, selecionou-se as séries iniciais (1ª a 4ª série) porque é a base fundamental para as séries seguintes. Para fazer esta reflexão escolheu-se o vídeo educativo e sua influência na aprendizagem. Esta pesquisa configura-se como pesquisa de campo, nas séries iniciais do ensino fundamental (1a a 4a série) nas escolas públicas e particulares de Florianópolis que utilizam o vídeo como ferramenta didática. Discutir sobre o alcance do vídeo na sala de aulas supõe, a nosso ver, a tomada de consciência de uma problemática que envolve dois atores principais, professor e alunos, em interação numa relação de ensino-aprendizagem midiatizada, situada num contexto regido por seus próprios objetivos, leis, regras de funcionamento, que caracterizam a instituição escolar. Tal perspectiva dinâmica parece fundamental, pois, o modo de utilização do suporte será resultante das interações específicas que ocorrerão no “triângulo” professor, aluno, vídeo na sala de aulas.

Acredita-se que as análises referentes às metodologias de utilização do vídeo não podem vir insentas de reflexões sobre várias dimensões dessa prática. Estas determinarão, e muito, a verdadeira amplitude e alcance que o vídeo poderá ter num processo educativo. Os educadores têm um papel fundamental ao apropriar-se das tecnologias da informação e comunicação, cujo uso deverá ser como ferramenta e recurso pedagógico de uma forma crítica e responsável e não somente como meros consumidores (BELLONI, 1999, p.17).

Uma das motivações que levou a buscar, conhecer e descrever como as escolas estão utilizando o vídeo prende-se ao fato de que somente a sua presença na escola não assegura que este meio servirá para proporcionar situações inovadoras de aprendizagem. Para alcançar tais situações, ter-se-á que pensar no professor como agente ativo e fundamental desse processo. Uma formação permanente e atualizada poderá proporcionar ao professor oportunidade de incorporar, de forma criativa, o uso dessa ferramenta ao seu fazer pedagógico. O universo e a própria vida do homem estão organizados em ecossistema, unidades constituídas para um espaço e uma comunidade de organismo que o habilitam e que estão mutuamente condicionados. Em um ecossistema simples, a alteração de um dos fatores constituintes supõe a modificação de todo o conjunto. É neste contexto que se pode entender o que diz McLuhan (1969p.114):

O meio é a mensagem. A autêntica mensagem de um meio é o próprio meio que provoca uma série de alterações no contexto sobre o qual atua. A mensagem principal da televisão é a transformação que tem provocado na vida individual, familiar e social do homem de nosso século, além do conteúdo de cada um dos programas. Qualquer invenção técnica assumida como tal provoca uma modificação mais ou menos profunda no ecossistema que a acolhe. O surgimento do automóvel tem provocado em nosso século profundas transformações de todo o tipo: os caminhos dos carros foram transformados em auto-estradas, as quais, por sua vez, têm transformado a fisionomia dos povoados e cidades, foi alterada a vida familiar nos fins de semana e nas férias, tem estourado a guerra do petróleo, foram gerados problemas de contaminação; assumir o automóvel como tecnologia inovadora supõe assumir a transformação de todo o ecossistema. Se houvesse a pretensão de manter inalterável o ecossistema, não teria outra solução que renunciar ao uso da nova tecnologia ou, pelo menos, domina-la, tirar dela sua capacidade inovadora: reduzir o carro às funções que vinham sendo desempenhadas pela carruagem.

A integração do vídeo no ensino gera um dilema semelhante. Ou é aceita a nova tecnologia com toda a sua capacidade inovadora, assumindo então a transformação de todo o sistema educativo, ou se subjuga à nova tecnologia, tirando dela suas vantagens inovadoras e a colocando a serviço da velha pedagogia. A tecnologia do vídeo é multifuncional: pode-se utilizá-la para reforçar a pedagogia tradicional, mantendo uma escola centrada exclusivamente na transmissão de conhecimento; entretanto, também pode utilizá-la para transformar a comunicação pedagógica. Assumir toda a sua potencialidade expressiva significa assumir este desafio de transformação da infra-estrutura escolar. São cada vez mais numerosos os profissionais do ensino que assumiram este caminho. A época do audiovisual como auxiliar está acabando. Começa a era da comunicação audiovisual e eletrônica, e se trata de um processo complexo que abrange a pedagogia, a psicologia e a sociologia, que, por sua vez, engloba o racional e o imaginário e formula problemas teóricos, abstratos, como também problemas de material, técnica e de infra-estrutura. Tendo em vista os meios de comunicação aliados à prática educativa, pretende-se realizar uma pesquisa de campo, com o objetivo de compreender como o vídeo está sendo utilizado, nas áreas do conhecimento (português, matemática, ciências e outras) de 1a a 4a série, pois muitos anos já se passaram desde que a tecnologia do vídeo foi introduzida no âmbito doméstico. Embora a instituição escolar não tenha levado muito tempo para incorporar a nova tecnologia, não se pode dizer que esta incorporação tenha contribuído de maneira substancial a otimização de ensino-aprendizagem. Em algumas escolas a integração ainda não teve início. Em outras, ocorreu uma relativa integração, embora deficiente ou, quando muito, parcial. A expressão é de McLuhan (1969 p.120): a criança de hoje cresce sem parâmetros convencionais, porque vive em dois mundos, e nenhum dos dois a ajuda crescer. Freinert (1974, p.77) esclarece a respeito deste aspecto, conseqüência de uma contradição cultural:

Esta desordem cultural persistirá enquanto a escola pretender educar as crianças com instrumentos e sistemas que tiveram validade há 50 anos, porém suplantados pela técnica contemporânea. Subsistirão na escola as lições, os braços cruzados, as memorizações, os exercícios mortos, enquanto fora da escola haverá uma avalanche de imagens, ilustrações e de cinema. Se nossa era é conflitiva e inclusive dramática, é devido a seu caráter de cruzamento histórico, de choque cultural. A interação de culturas em conflito provoca indecisão e angústia.

 Nossa era da angústia é em grande parte resultado do esforço em resolver os problemas de hoje com os meios e conceitos do passado. A escola tem sido vítima, e, ao mesmo tempo, causa direta dessa situação de conflito, porém, pode-se converter em uma ponte entre duas culturas, facilitando uma aproximação dialética e crítica entre elas. A tarefa unificadora da escola exige que sua própria estrutura se baseia na coerência entre a sensibilidade de nosso tempo, os meios de que dispõe e o próprio sistema cultural. Como diz Piaget (1976 p.29):

todos os homens são inteligentes e que esta inteligência serve para buscar e encontrar respostas para seguir vivendo. A inteligência apresenta duas condições essenciais ao ser vivo: a organização e a adaptação em um mundo em constante transformação.

Para entender essa realidade, escolheu-se 14 instituições de ensino em Florianópolis. Essas instituições foram escolhidas com base em levantamento prévio que as indicaram como utilizadoras dos meios de comunicação (vídeo, computador, etc) aliados à prática educativa de alunos de 1a a 4a série. Para proceder à coleta de dados elaborou dois questionários onde participaram professores e alunos.

O ciclo acadêmico de escolarização é composto por diferentes anos de escolaridade, aos quais são cruzadas quantidade e qualidade do saber. Tais conhecimentos serão gradualmente passados às crianças, adolescentes e adultos. Adquire-se o saber conforme percorre o já traçado percurso acadêmico, batizado por notas, aprovações e reprovações, ciclos, diplomas etc. Nessa organização, são estabelecidos papéis aos diferentes atores sociais, papéis esses reconhecidos e legitimados socialmente: professor e aluno. Existem expectativas de interação, que acontecem dentro de situações claramente definidas, e que só tem razão de ser dentro dos muros da escola. Na interação prevista entre os atores, o saber é veiculado através de um tipo específico de linguagem principalmente a verbal, que os diferentes atores desse contexto acabam por reconhecer e aceitar como sendo a adequada.

Aprender, tanto para o professor como para o aluno, significa um tipo específico de processo de interação do indivíduo com o saber. Em nossa sociedade ocidental, a atividade de aprender é freqüentemente associada ao esforço, seriedade, atenção concentrada, e certos correlatos pouco evidenciados, mas sempre presentes como obrigação, razão, ausência de prazer. O vídeo, num primeiro momento, é um aparelho de veículo que traz à sala de aula um tipo específico de mensagem, ou, de linguagem: a linguagem audiovisual. A imagem fixa, e mais recentemente a linguagem audiovisual que associa a imagem animada e os sons sincronizados têm encontrado há décadas, constantes obstáculos para conquistar um espaço efetivo enquanto suportes para aquisição de conhecimentos no mundo da escola. Vários elementos contribuem para essa difícil conquista.Uma das dimensões que podem ser apontadas como tributárias dessa dificuldade pode ser identificada dentro do quadro teórico que a psicologia social dispõe.

Na busca da melhoria da qualidade de ensino, objetivo mais facilmente aceito do que seu subjacente, a busca de soluções frente ao fracasso do sistema educacional anunciado em diferentes sociedades de nosso século, educadores e pesquisadores elabora, implementam diferentes ações. Apesar dos muitos movimentos que a educação conheceu e que tiveram também por meta trazer para dentro de seu universo a dimensão lúdica, a curiosidade, o prazer de descobrir o novo, as barreiras mais fortes contra a implantação efetiva de tais movimentos parecem estar, em parte, nos próprios indivíduos que animam e dão vida à instituição escolar: professores e alunos. Além de outros aspectos relevantes, é importante salientar que o modelo de aquisição de conhecimentos introjetado, que orienta suas ações, atitudes e condutas no ambiente escolar, tal modelo funciona como ponto de referência para a identificação do que é aprender. Os recursos audiovisuais podem promover uma aprendizagem eficiente como escreve Moran (1991 p.11): “Utilização do audiovisual para introdução de novos assuntos, despertar a curiosidade e a motivação para novos temas”.

Considera-se, portanto, alguma coisa além da pessoa que aprende. O ambiente que cerca o aluno cria aspectos de grande importância para a aprendizagem. Se pensar nesse conjunto de “contingências” que influem no processo da aprendizagem poderá apresentar os diferentes componentes da situação de ensino de acordo com Gagné (1971 p.270):

· apresentar o estímulo;
· dirigir a atividade e a atenção do aluno;
· fornecer um modelo para o comportamento final desejado;
· fornecer elementos insinuadores externos;
· orientar a direção do pensamento;
· induzir a transferência do conhecimento;
· avaliar o rendimento da aprendizagem;
· proporcionar “retroalimentação.

Utilizando os componentes de ensino, o professor orienta os alunos para a busca própria, agindo como animador do coletivo inteligente e incentivando a autonomia dos alunos e as pontes entre as diversas informações para transformá-la em conhecimento, isso vem ao encontro de Moraes (1997, p.18) quando diz que “que só o homem é capaz de transcender e criar”.A linguagem oral, recurso de ensino mais utilizado pelo professor, pode ser auxiliada por outros recursos que estimulem outros sentidos. Os sentidos são a ligação entre o homem e o mundo exterior, deve-se criar um ambiente que permita estimular o maior número de sentidos possíveis. Como afirmam os autores, Dale (1775 p.quatro); Belloni (1999, p.quatro) e Masetto (2000 p.139):

Os recursos audiovisuais formam, portanto, a combinação simples que oferece as melhores contingências para a aprendizagem, deve-se determinar de que forma cada meio pode ser utilizado para contribuir para um sistema criativo. Eles transformam a escola não em um centro de ensino, mas de aprendizagem. Um centro preocupado não pela simples transmissão de conhecimento, mas pelo enriquecimento em experiências de todo tipo: conhecimento, sensações, emoções, atitudes, intuições… por isto é importante levar em conta a participação da pessoa que aprende. Ela não deve ter uma atitude passiva, mas sim ativa fazendo com que os sentidos estejam “alerta”, absorvendo as informações. A classificação dos recursos da aprendizagem deixa bem clara essa colocação. A aprendizagem é mais eficiente quando os recursos são mais concretos. A criatividade do professor aliada a consciência das funções dos componentes da aprendizagem e das características particulares dos diferentes recursos é o elemento fundamental para que cada vez mais se torne eficaz a atuação do professor no processo da aprendizagem. A relação do indivíduo e da linguagem audiovisual é freqüentemente regida por um diferente conjunto de variáveis. A entrada do vídeo na sala de aulas, veiculando a linguagem audiovisual, vai obrigatoriamente colocar em articulação dois universos regidos por estruturas diversas, por vezes mesmo opostas: o do lazer, do prazer e o da aprendizagem, da razão. Nessa medida, parece-nos autorizado fazer-se as seguintes indagações: qual o status que professor e aluno atribuem à utilização da imagem, e particularmente à linguagem audiovisual, no processo de aquisição de conhecimento.

Se partir do pressuposto que as representações sociais que aluno e professor  possuem desse objeto em sala de aula determinarão, de antemão, uma certa postura, uma certa expectativa do papel que tal objeto deve cumprir na relação ensino-aprendizagem, ver-se-á quão rico pode ser esse conceito dentro do estudo da problemática que relaciona aprendizagem e meditação. Eis porque se propõe tratar a problemática que focaliza a atividade de recepção do vídeo como instrumento de trabalho, as formas de avaliação serão por meios de visitas, entrevistas e análise de documentação oficial. O professor encontra-se no vértice das grandes mudanças que caracterizam os nossos tempos. Nunca as transformações no decorrer do processo histórico exigiram tantos esforços do professor para se manter atualizado na sua matéria e nos métodos de comunicar conceitos. Em apenas poucas décadas, o ensino libertou-se de sua quase completa dependência da expressão verbal; requer hoje a capacidade de seleção e utilização de novos meios que permitam esclarecer melhor os contextos das matérias desta nossa “era do espaço”, bem como as transformações que ocorrem rapidamente em todo o mundo, com lugares e situações, seriam como diz Moraes (1997 p.27): “buscar compreender o mundo com uma teia de eventos e processos em um fluxo dinâmico, em contínua mudança. Seria reconhecer a interconexões entre o sujeito e o objeto, entre o homem e o ambiente”. Seria o que Piaget (1976, p.27) “identifica como a busca constante do equilíbrio, através de trocas entre sujeito e meio”. Além do papel tradicional do professor, como profissional competente em sua especialidade e em psicologia da aprendizagem, novo aspecto deve ser considerado: sua responsabilidade no eficiente planejamento das aulas e na criação de condições de comunicação favoráveis ao ensino. Como diz Moran, (2000,p.17) “essas mudanças dependem de educadores abertos ao diálogo capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e comunicação”. Em resumo o setor educacional enfrenta hoje um sério desafio de acompanhar as rápidas mudanças tecnológicas no país.

Objetivos do Trabalho

Os objetivos deste trabalho estão delimitados da seguinte forma:

Objetivo geral

Analisar a influência do vídeo no processo de aprendizagem.

Objetivos específicos

· Conhecer possibilidades para utilização do vídeo na educação;
· Analisar como o vídeo está sendo utilizado nas áreas do conhecimento como: português, matemática, ciências e outras;
· Caracterizar o perfil dos professores que utilizam o vídeo como recurso didático com seus alunos;
· Verificar qual o aproveitamento dos alunos nestas aulas audiovisuais;
· Propor diretrizes para o planejamento de uma vídeo-aula.

Justificativa e Importância do Trabalho

O mundo se encontra em contínua mudança, isto tem provocado expressivas alterações no modo de vida da sociedade. Novas tecnologias surgem a cada dia, antes mesmo que a anterior seja completamente compreendida e dominada. É importante que a educação sem desprezar suas raízes, atue sobre o presente com os olhos voltados para futuro; que sem desprezar as ferramentas tradicionais, adote também as mais modernas; que sem abandonar fórmulas aprovadas, tenha a coragem de poder ultrapassar essa barreira levando-nos a aproveitar e a dar sua participação a essa revolução tecnológica. Mas, para isso, é necessário duvidar e criar. Segundo McLuhan (1995, p.70) e Masetto (2000 p.114).pode-se avançar no processo de aprendizagem, fazendo reflexões sobre o uso das tecnologias, que possam desenvolver uma mediação pedagógica, possibilitando:

  1. A interatividade entre o sujeito e o objeto  do conhecimento   despertando o gosto pelo saber ao mesmo tempo que serve de estímulo para a vocação para a pesquisa. O professor passa a ser mediador, motivador um parceiro na construção da aprendizagem, juntamente com os materiais, com as tecnologias, as técnicas, os colegas, a sociedade em geral, deste modo é que se poderá migrar do pólo centrado no conceito de ensinar para o conceito de aprender. Os recursos didáticos são um dos meios mais fáceis para se aprender, mas para isso é necessário que a escola, longe de ser apenas uma fonte de informes verbais, assegure aos alunos, tanto quanto possíveis oportunidades e facilidades de viver em contato direto com a vida, proporcionando-lhes os meios e a forma de se aproximarem, o mais que possível, da experiência real, quando esta for totalmente impossível, para isto Belloni (1999, p.39) “alerta que há a necessidade de atualização constate da escola e dos docentes”. Moraes (1996, p.67) fala “em uma profunda mudança de mentalidade”. É para fazer essas aproximações que servem os recursos audiovisuais. Há muitos aspectos básicos e importantes da vida que não se podem trazer ao vivo para dentro da escola. Para Piaget (1976, p.26) “conhecer é atuar sobre a realidade, modificando-a mediante esquemas de ação e esquemas representativos que lhe dão sentido”.

Nesse caso, a escola, se possível, procurará ir até à presença real daqueles aspectos. Se isso também não for realizável, a escola   através do seu professor, não  deverá s altar da  experiência  direta  para  o  extremo oposto, que é o simbolismo puro, isto é, a linguagem falada e escrita, como descreve Dale (1954) “precisamos ir e vir do concreto ao abstrato, mas é através do concreto que nos movemos ao abstrato” pois há uma distância imensa entre esses dois pólos: Educação através de vivência e verbalismo total. Esse imenso espaço vazio pode e deve ser preenchido por uma série enorme, gradativa e diferenciada, de recursos audiovisuais que, em poucos segundos, comunicam e esclarecem muito mais do que consegue uma preleção de duas horas sem apoio dos recursos audiovisuais. Como se descreveu anteriormente, muitos anos se passaram desde que a tecnologia do vídeo foi introduzida no âmbito doméstico, Rosa (1998, p.9) destaca que: através da televisão, diariamente milhões de brasileiros recebem uma grande quantidade de informação audiovisual. Notadamente, o Brasil é um dos países que mais consomem mídia tais como televisão, jornais, revistas e outros. Esta característica tem influenciado significativamente no desenvolvimento da sociedade e da população brasileira.

Ainda que considera em sua globalidade, embora a instituição escolar não tenha levado muito tempo para incorporar a nova tecnologia, não se pode dizer que esta incorporação tenha contribuído de maneira substancial à otimização do ensino-aprendizagem. Em qualquer dos casos, não ocorreu, na escola, numa reflexão com um mínimo de profundidade sobre os motivos geradores, sobre as implicações, os critérios, as formas e o alcance dessa integração. Com este trabalho sobre o vídeo no processo educacional pretende-se contribuir para essa reflexão, fundamental à comunidade de ensino. Essa reflexão pretende responder a várias perguntas fundamentais em relação à problemática da  integração do vídeo na escola. O porquê do vídeo na educação, antes de tudo deve haver uma tomada de consciência de quais são as causas determinantes de uma urgente integração do vídeo nos processos educativos. Segundo Moran (1991 p. 10):

Os meios de comunicação exercem poderosa influência em nossa cultura, desempenhando um importante papel educativo, transformando-se, na prática, numa segunda escola, paralela à convencional. Os meios de comunicação são processos eficientes de educação informal, porque ensinam de forma atraente.

Não por vaidade, tampouco por um desejo de entreter. Existe um só motivo de fundo para se adequar às radicais mudanças sociais que geram um novo tipo de pessoa. Para entrar em sintonia com ela, é necessário incorporar novas  tecnologias e novas formas de expressão. A ênfase não deve ser colocada na tecnologia, mas na forma de expressão. O audiovisual deve ser compreendido como um diferencial no processamento de informações.

Somente com uma adequada concepção do vídeo, pela doação de critérios de uso coerentes, poder-se-á aproveitar todo o seu potencial educativo. Em geral, os materiais de empeno apresentam vantagens para certos trabalhos educativos, e limitações e desvantagens em relação a outros. Da mesma forma que um professor adquire prática na seleção de materiais de leitura adequados, deve também saber escolher os materiais audiovisuais mais indicados para cada aula, Gómez (1998, p.373) afirma que: “o professor deverá ser considerado como sendo um profissional autônomo que reflete criticamente sobre a prática cotidiana para compreender as características do processo de ensino aprendizagem e do contexto, de modo que sua atuação reflexiva deverá facilitar o desenvolvimento autônomo e emancipador dos que participam no processo educativo”. Em parte, esta escolha depende das qualidades e limitações inerentes aos vários materiais disponíveis; em parte, dos objetivos do ensino e, finalmente, em parte dos métodos que o professor emprega. Os meios para atingir os objetivos do ensino são múltiplos e complexos.

Podem concluir leituras ou convivência direta com o grupo cultural que está sendo estudado. Entre esses dois extremos estão os recursos audiovisuais, que, devido às suas formas flexíveis e interessantes, podem trazer para a sala de aula informações tangíveis e vívidas, sobre culturas remotas, povos, lugares e coisas. Por exemplo: Se a classe estiver estudando a Índia, é possível que os alunos já tenham assistido a um ou mais filmes mostrando como as pessoas vivem e trabalham nas fazendas e cidades daquele país. Assim, a classe já tem algumas idéias concretas sobre o vaivém da vida na Índia, o ritmo do movimento, a agitação das populações urbanas e a vida em família numa pequena vila. Nesta altura, o vídeo servirá muito bem para enriquecer os conhecimentos dos alunos

Educar é ajudar a desenvolver todas as formas de comunicação, todas as  linguagens: aprender a dizermos, a expressarmos claramente, a captar acomunicação do outro a interagir com ele. É aprender a comunicarmos verdadeiramente: a ir tornando-nos mais transparentes, expressando-nos com todo corpo, com a mente, com todas as linguagens, verbais e não verbais, com todas as tecnologias disponíveis (MORAN, 1997, p. 17).]

A experiência de aprendizado com este trabalho são uma oportunidade para se tornar consciente da utilização do vídeo como ferramenta didática na educação, e uma oportunidade de trabalhar no sentido de se aperfeiçoar mais, abrindo assim espaço para novas formas de interação. O acesso a este recurso didático auxilia a participação em projetos individuais e de grupos, facilita a colaboração e a troca de idéias.

Bibliografia

CINELLI, Nair Pereira Figueiredo. A influência do vídeo no processo de aprendizagem. Florianópolis, 2003. 74 f  Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.  Universidade de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis,  2003.   Disponível em <http://www.ufsm.br/tielletcab/Nusi/HiperV/Biblio/PDF/8160.pdf  >

 

7 Respostas to “A educação e o paradigma das mídias educativas”

  1. Estela Willeman Says:

    Prezado (a), gostaria de saber quem é o (a) autor (a) deste trabalho para fazer a devida citação bibliográfica.
    Abraços.

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    • projetomuquecababys Says:

      Oi Estela,
      Também gosto de citar o (a) autor (a) de material alheio por mim postado. No caso em questão também não o citei por falta de menção no arquivo do trabalho.

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      • projetomuquecababys Says:

        Invariavelmente, investidores sociais que destinam seus recursos para a área de Educação se perguntam se vale mais a pena ter como foco o ensino formal ou o não-formal. Enquanto no primeiro caso, as aprendizagens funcionam com base em diretrizes curriculares nacionais, no segundo, os conteúdos e práticas são organizados fora do sistema regular de ensino.

        Os limites e vantagens do investimento em cada um desses processos foi o ponto central do encontro realizado pelo GIFE, no dia 7 de maio, na Promon, em São Paulo. Na reunião, promovida pelo Grupo de Afinidade em Educação, especialistas e investidores debateram em quais contextos é possível dar preferência por atividades não-formais e formais.

        De maneira geral, os participantes consideraram que a escolha pode ser dividida em dois pontos principais: quando há foco no sistema regular, o objetivo é a incidência em políticas públicas e escala das ações; quando há um diagnóstico de demandas específicas e a agilidade é premente, a escolha recai pelo não-formal.

        No entanto, segundo a coordenadora geral do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Maria do Carmo Brant de Carvalho, do ponto de vista de quem aprende, a separação entre educação formal e informal não existe. “Não há contraposição entre educação formal e informal; este é um falso dilema. Ambas são fundamentais na educação do cidadão”, argumentou.

        Para ela, vivemos, hoje, em uma sociedade de informações e conhecimentos compartilhados, cujas oportunidades de aprendizado já não se encontram centralizados no ensino formal. “A racionalidade cognitiva das novas gerações não obedece a seqüências lineares e centradas num único foco, ao contrário é um pensamento\racionalidade descentrado, difuso, dialógico”, explicou.

        Na lógica de Maria do Carmo, a nova racionalidade cognitiva das novas gerações põe em xeque não apenas os sistemas de ensino usuais na escola, mas a própria exclusividade da escola com agencia de educação.

        Fazendo coro a coordenadora geral do Cenpec, a coordenadora-executiva do Instituto Avisa Lá, Silvia Carvalho, foi enfática ao dizer que sente-se indignada com o “desperdício de mentes brilhantes” causado pelo atraso didático brasileiro.

        “Fico perplexa ao ver professores com orgulho de usarem a mesma cartilha há 100 anos. Não dá mais para uma criança de seis anos, com toda a informação que ela recebe de seu entorno, chegar na escola para decorar ‘b com a, ba’, o ‘boi baba e bebe’”, disse.

        Nesse sentido, qual é o papel do investidor social privado? A educação formal e informal precisam caminhar juntas. É imprescindível para quem direciona recursos para a área, mobilizar parcerias e apoios entre a comunidade, organizações da sociedade civil e poder público.

        “Mais do que aumento de escolaridade, crianças e jovens precisam adquirir outras habilidades no plano da sociabilidade, da ampliação de seu repertório cultural, de participação na vida pública, da fluência comunicativa e domínio de outras linguagens de forma a se sentir competente para acessar as riquezas societárias e obter ganhos de pertencimento e reconhecimento de sua cidadania”, lembrou Maria do Carmo Brant.

        No entanto, as especialistas fazem um alerta: “qualquer dinheiro não serve”. Na visão delas, investimentos em educação devem ser pensados de médio prazo para cima. Caso não seja possível incidir em políticas públicas, pequenos investidores podem se unir e direcionar seus esforços nos vazios das políticas públicas.

        Um exemplo simples é a mobilização para que pais participem da vida escolar de seus filhos. Afinal, quando passam a cobrar dos estudantes, eles passam a exigir mais do ensino direcionado aos seus filhos. Outro ponto fundamental é a mobilização territorial, em que comunidades, organizações sociais, empresas, fundações, associações, órgãos públicos etc, trabalhem de forma conjunta por um ambiente educativo pleno.

        “A educação não pode se tornar mera utilidade. Deve ser verdadeiramente formativa”, acredita a coordenadora geral do Cenpec.

        http://site.gife.org.br/artigo-nao-ha-contraposicao-entre-educacao-formal-e-informal-13741.asp

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